Texto por 4 Rodas Eles rodam sem pressão de ar até 80 quilômetros, e a 80 km/h, mas custam bem mais; saiba tudo.

A nova versão sem estepe na traseira roubou a cena na linha 2020 do Ford EcoSport. E, na esteira da discussão sobre a ausência de uma das características mais emblemáticas do modelo, veio à tona outro assunto igualmente interessante: os pneus run flat, que permitem ao motorista continuar rodando com o veículo em caso de perda total da pressão interna do ar.

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Segundo a Ford, esta era a única opção viável para que fosse possível dispensar o pneu sobressalente na tampa do porta-malas. “O projeto do EcoSport não prevê local para acomodar o estepe, nem mesmo um pneu de emergência, aquele de menores dimensões”, explica Adriana Carradori, gerente de produto da Ford. “A única opção seria colocá-lo no porta-malas, mas isso tomaria espaço demais.” É a primeira vez no Brasil que pneus do tipo run flat equipam um veículo que não pertence ao segmento premium.

O que são

Em um modelo convencional, o ar comprimido no interior do pneu é responsável por sustentar o peso do automóvel. Quando ocorre um furo, o ar escapa e as laterais se dobram até os aros da roda tocarem na banda de rodagem. É a malfadada “roda no chão”. Em condições normais, o ar também sustenta o peso nos run flat, que possuem laterais com reforços na estrutura, feitos de um composto de borracha mais resistente. O talão de fixação na roda também é reforçado.

“Rodando normalmente com ar no interior, esses reforços não são submetidos a nenhuma força, sem efetivamente suportar o veículo”, explica Fabio Magliano, gerente de produtos da Pirelli. “Mas, quando ocorre a perda do ar, essas laterais passam a suportar o peso do veículo. É por isso que, mesmo sem pressão no interior do pneu, o motorista consegue seguir dirigindo o automóvel.”

PNEUS RUN FLAT (FOTO: OTÁVIO SILVEIRA / AUTOESPORTE)
PNEUS RUN FLAT (FOTO: OTÁVIO SILVEIRA / AUTOESPORTE)

Para o consumidor, a grande vantagem está no fato de não ser necessária a substituição do pneu em caso de furo. Segundo Carradori, a questão da segurança será bastante explorada nas campanhas do EcoSport Titanium — afinal, quem não fica receoso ao ter de trocar um pneu furado durante a madrugada, em um lugar ermo, em qualquer cidade brasileira? Além disso, em caso de estouro do pneu (embora essa seja uma ocorrência extremamente rara atualmente), o motorista tem mais condições de manter o controle do veículo.

PNEUS RUN FLAT (FOTO: OTÁVIO SILVEIRA / AUTOESPORTE)
PNEUS RUN FLAT (FOTO: OTÁVIO SILVEIRA / AUTOESPORTE)

Seguro, mas com limitações

O sistema de monitoramento da pressão dos pneus (TPMS, ou Tyre Pressure Management System, em inglês) é obrigatório nos veículos que utilizam pneus run flat. E não é difícil entender o motivo. A partir do momento em que o pneu perde a pressão do ar interna e passa a rodar apoiado nos reforços laterais, o motorista não deve ultrapassar 80 km/h nem andar uma distância superior a 80 quilômetros.

Por isso, é imprescindível que o condutor tenha consciência imediata do momento em que o pneu ficou vazio. Mas com os run flat, em certas situações, só é possível perceber a perda de pressão do ar por meio do alerta no painel. “A sensação de rodar com um run flat vazio é semelhante a trafegar com um pneu comum com pressão baixa, não totalmente vazio”, explica Alessandro Rubio, da Comissão Técnica de Segurança Veicular da SAE Brasil. “Caso o furo seja em um dos pneus traseiros, em velocidade relativamente baixa um motorista comum dificilmente notará algo errado.”

É importante ressaltar que esses dois parâmetros não guardam nenhuma relação de proporção. Ou seja, mesmo que você rode a apenas 60 km/h, o pneu não poderá percorrer uma distância maior que 80 km. Da mesma forma, ainda que o local de reparo ou a concessionária esteja a apenas alguns quilômetros, nunca ultrapasse os 80 km/h. Há modelos mais antigos de pneus run flat para os quais essas recomendações de distância e de velocidade são menores.

PNEUS RUN FLAT (FOTO: OTÁVIO SILVEIRA / AUTOESPORTE)
PNEUS RUN FLAT (FOTO: OTÁVIO SILVEIRA / AUTOESPORTE)

Outros pontos

A presença dos reforços nas laterais faz com que o pneu run flat seja mais pesado (cerca de 2 kg a mais, no exemplo do EcoSport) e também mais caro (em média, de 20% a 50%). Outro detalhe é que, sendo um produto de baixa demanda (ainda), pode ser difícil encontrar reposição imediata para pneus de algumas medidas. No lançamento do EcoSport 2020, Ford e Michelin garantiram que estão totalmente preparadas para atender à futura demanda do EcoSport.

Os run flat não podem ser montados em rodas comuns, com hump H2, e sim apenas em rodas com o hump estendido, EH2, que é mais elevado. Em tempo: hump é a saliência na parte interna das rodas que mantém os talões do pneu encaixados. Ao utilizar pneus run flat em rodas convencionais (H2), o consumidor corre o risco de que eles não cumpram exatamente a função que os diferencia.

“Sem o hump adequado, a roda não ficará presa adequadamente”, destaca Marcelo Capella, gerente técnico da Michelin América do Sul. “Nessa situação, ao ficar sob pressão, pode acontecer o detalonamento, que é quando o pneu se desprende da roda. Assim, mesmo com os reforços laterais, o motorista não conseguirá rodar com o carro.”

E se precisar de Reparo?

Como a banda de rodagem não apresenta diferenças em relação à dos pneus comuns, eventuais furos podem ser reparados nos pneus run flat. No entanto, é preciso ficar atento às orientações do manual de instruções do veículo. No caso do EcoSport, Ford e Michelin afirmam que, após o conserto, o pneu poderá rodar novamente, caso não tenha ultrapassado a sua “cota” de 80 quilômetros.

Já a Pirelli, que no Brasil fornece pneus run flat para modelos de BMW e Mercedes-Benz, recomenda que o pneu que tenha rodado sem pressão seja substituído, independentemente da quilometragem. De acordo com Fabio Magliano, após suportar o peso do veículo, a estrutura lateral do pneu pode não manter todas as suas propriedades. Eventuais reparos serviriam apenas para finalizar uma viagem e encaminhar o veículo a uma concessionária ou revendedor para ser feita a substituição. A exceção fica por conta de quando o pneu perde a pressão com o carro estacionado — mas, ainda assim, será necessária uma inspeção em um revendedor autorizado para verificar o estado da estrutura interna do pneu.

Outras recomendações

Ainda que você troque as quatro rodas pelo modelo adequado, com o hump estendido, e instale o TPMS obrigatório, um carro que saiu de fábrica com pneus comuns não deve utilizar modelos run flat. Um veículo homologado para rodar com esses pneus possui uma calibração diferente dos sistemas de suspensão e de direção, em função das características próprias e da diferença de peso. No caso do EcoSport, a versão Titanium teve de passar por um ajuste na altura das molas traseiras para corrigir a altura da suspensão por conta da retirada do estepe, além da recalibração do sistema de direção em virtude do peso maior dos run flat.

Dependendo do caso, pode haver mudanças também na resposta do volante em função da maior rigidez das laterais dos pneus. “Esse tipo de troca não é recomendável, pois pode provocar alterações imprevisíveis, tanto em termos de conforto como em questões de dirigibilidade, que influenciam diretamente a segurança”, diz Alessandro Rubio, da SAE. Ele ainda recomenda atenção redobrada na calibragem para evitar que os pneus rodem com pouca pressão e, dessa forma, a camada de reforço nas laterais seja deteriorada, além do seu prazo de validade.

Fotos do post: Auto Esporte

Fonte original do texto: Revista Auto Esportehttps://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2019/04/pneus-run-flat-entenda-vantagens-desvantagens-e-como-eles-dispensam-o-estepe.html

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