Revista Auto Esporte – Rodas maiores são comuns em esportivos dotados de tração traseira, mas não é todo tipo de carro que suporta a mudança.

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Os pneus mais largos no eixo de trás são comuns em esportivos e, sobretudo, nos modelos dotados de tração traseira. No entanto, essa configuração é adotada pela fábrica, e esses modelos já são comercializados dessa forma.

Um exemplo é o do Porsche 911, que utiliza atualmente rodas de 20 polegadas na dianteira e 21 na traseira. Um dos compromissos dessa configuração é garantir o máximo de tração, conforme o projeto dinâmico do carro.

Porém, a mudança do conjunto roda/pneu é a customização mais comum no Brasil. Um leitor nos encaminhou uma pergunta, questionando se seria possível – e permitido por lei – instalar rodas maiores apenas na parte de traseira.

De acordo com Edson Orikassa, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), colocar um pneu mais largo e com aro maior atrás não é proibido, mas não melhora o desempenho de carros comuns. Muito pelo contrário, o risco de afetar estabilidade do carro é grande: “mudar uma característica de fábrica pode acabar causando problemas sérios de dirigibilidade”, afirma.

No caso dos esportivos, as rodas maiores fazem parte da estrutura total do carro, o que inclui a altura, distribuição de peso e claro, a típica tração traseira.

Já no caso dos carros comuns que ficam de fora do mundo das pistas e que preocupam-se com o esterçamento das rodas, alterar essa característica pode comprometer a estabilidade.

“É preocupante fazer esse tipo de alteração por conta própria, pois no futuro você pode se deparar com problemas do tipo não conseguir fazer uma curva”, reforça Orikassa.

Retomando o exemplo do Porsche 911, em curvas e acelerações laterais, o esportivo é projetado para ter comportamento sobresterçante. Ou seja, tende a “sair de traseira” em determinadas condições, exigindo o contraesterço do volante para manter o carro no traçado ideal.

Outros modelos têm essa característica propositalmente realçada, como o Chevrolet Camaro. Porém, a tendência dos carros de passeio sem aspiração esportiva é o contrário disso: tendência de “escorregar de frente” nas curvas realizadas com excesso de velocidade. Essa manobra é mais fácil de corrigir para motoristas sem treinamento.

Mesmo neste caso, a disposição dos tamanhos do conjunto roda-pneu segue parâmetros estabelecidos pelo departamento de engenharia do veículo. Ao alterar as rodas do eixo traseiro, o proprietário pode inadvertidamente desequilibrar o comportamento previsto, com consequências imprevisíveis, como a derrapagem antecipada ou algum efeito potencializado de aquaplanagem.

Por não haver estudos e testes dinâmicos, não é possível prever o resultado.

A potência também pode sofrer um impacto, já que a maioria dos veículos de passeio têm tração dianteira e a suspensão pode não estar preparada para receber um pneu maior, exigindo maior esforço dos componentes mecânicos. Por causa do arrasto maior, pode haver aumento no consumo de combustível.

De acordo com Francisco Satkunas, engenheiro mecânico e conselheiro da SAE BRASIL, nos Estados Unidos, estima-se 5% a 7% de aumento do consumo de combustível na instalação de rodas maiores, por conta do peso adicional que o carro ganha não só com as rodas, mas também os novos pneus.

“Essa troca também traz aquela sensação de que em uma curva, a roda maior trará uma maior estabilidade do veículo, mas além de toda essa beleza estética, a consequência é que você terá que arcar com outros fatores: como investir dinheiro, por exemplo”, explica Satkunas.

Orikassa explica que por esse motivo, uma estilização pode implicar em mudanças muitos maiores e claro, mais caras. “Em alguns casos, mudar drasticamente o tamanho do pneu também significa mudar a suspensão, além de fazer um novo alinhamento entre as rodas dianteira e traseiras”, conta.

“Os esportivos têm tração traseira, então tradicionalmente possuem aros maiores na parte de trás. Mas tudo que é feito em fábrica é testado e avaliado e para conseguir a máxima performance do carro”, explica Satkunas.

Está escrito na Lei

De acordo com o Artigo 98 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), “nenhum proprietário ou responsável poderá, sem prévia autorização da autoridade competente, fazer ou ordenar que sejam feitas no veículo modificações de suas características de fábrica”.

Isso significa que, o motorista deve, antes da modificação, obter autorização do Detran de seu estado. Após isso, o próximo passo é o encaminhamento à um local regulamentado para a modificação junto ao Inmetro.

Francisco também explica a importância de, mesmo com mudanças, manter o diâmetro externo do pneu, para que se mantenham as calibragens corretas do hodômetro.

Com rodas maiores, o velocímetro também pode acabar mostrando velocidade abaixo da real, pois não identifica, nem corrige, o aumento do diâmetro do conjunto.

“Também é muito importante verificar se não há interferência no esterçamento para a esquerda ou direita com relação ao paralamas, que ficam mais próximos dos pneus”.

Por fim, rodas e pneus maiores terão forte impacto no conforto e ruído de rodagem. Além de sentir mais os impactos de buracos e irregularidades na via, haverá mais frequencias sendo dispersadas na cabine.

A dica é estar sempre atento ao manual do carro, consultar um especialista e estar preparado para custos a mais e certa perda de conforto, tudo em nome da esportividade.

Fonte original do texto: Revista Auto Esporte

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