Revista Auto Esporte – Entenda os principais motivos que provocam fobia ao volante e impedem algumas pessoas de encarar o trânsito no dia a dia.

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Uma pesquisa realizada pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) aponta que cerca de dois milhões de brasileiros sofrem atualmente com problemas que os impedem de dirigir.

A fobia é causada por diversos fatores que envolvem desde o estresse e desgaste físico e mental, até traumas a bordo dos veículos. O estudo, no entanto, é otimista e afirma que estes medos podem ser revertidos.

“O pavor ao se dirigir é algo muito amplo, mas tem algumas características em comum. Normalmente as pessoas têm receio de errar e das consequências do erro. Elas ainda podem ficar envergonhadas ou acharem que estão atrapalhando outros motoristas”, explica Eloísa Pegolo, psicóloga e proprietária de uma das filiais na capital paulista da escola Cecília Bellina, especializada no tema.

Carolina Gouveira, 22 anos, é analista de marketing. Ela é uma das milhares de pessoas que ficam extremamente inseguras ao volante. Costuma dirigir o carro do pai, e fica receosa em batê-lo. A situação não melhora, pois ele, apesar de incentivá-la, também fica nervoso quando ela está dirigindo. “Meu pai não tem muita paciência e briga muito. Uma vez eu quase bati em outro carro porque me assustei com um grito dele”, recorda.

Já Deborah Macedo, 24 anos, tem medo de fazer algum mal a outras pessoas. “Acho que sempre encarei a direção como um arma e meu maior medo é matar alguém”, diz a jovem. Deborah até tentou superar a insegurança indo a uma autoescola para habilitados, mas acabou desistindo por falta de tempo. O carro que ganhou da mãe quando tirou a CNH ficou parado por dois anos e acabou sendo vendido.

A QUANTIDADE DE CARROS PODE SER ASSUSTADORA PARA QUEM TEM MEDO DE DIRIGIR (FOTO: DENIS DOYLE/GETTY IMAGES NEWS)
A QUANTIDADE DE CARROS PODE SER ASSUSTADORA PARA QUEM TEM MEDO DE DIRIGIR (FOTO: DENIS DOYLE/GETTY IMAGES NEWS)

A mesma fobia atinge Gabriel Calvino, 22 anos, estudante de jornalismo. Habilitado desde 2015, ele conta que até hoje não se sente confiante para enfrentar o caos das avenidas e a grande quantidade de carros, principalmente por temor de se envolver em um acidente. “Nunca cheguei nem a bater o automóvel, mas não me sinto seguro dirigindo pois tenho medo de me machucar ou ferir outras pessoas”, desabafa.

Gabriel relata que se sente pressionado pelos demais motoristas quando está no comando da direção, pois, como tem pouca experiência, fica mais nervoso com as buzinadas dos apressadinhos. “Não há tolerância e andar em baixa velocidade, mesmo que na faixa da direita, ou cometer qualquer erro, já é motivo de punição com buzinadas ou xingamentos”, comenta. “Isso tudo gera ainda mais ansiedade e tensão para mim”.

Tratamento especializado

Segundo Eloísa Pegolo, muitos clientes reclamam que a ansiedade é um restritivo para que se sintam totalmente independentes. Quando o motorista se vê se incomodado com seu medo ou insegurança e entende que o problema vai muito além da falta de técnica ou prática ao volante, está na hora de procurar ajuda.

A clínica Cecília Bellina presta atendimento à pessoas habilitadas que desejam ganhar confiança para encarar o trânsito sozinhas. No caso de quem ainda não possui a carteira de motorista são oferecidas conversas com especialistas e tratamento junto a um grupo de apoio com outros clientes que também estão enfrentando os mesmos problemas.

“É feito inicialmente um atendimento verbal para que estes motoristas consigam identificar qual é o motivo daquele medo e nervosismo”, explica Eloísa. Após essa primeira etapa, o cliente que já é habilitado passa a ter acompanhamento prático com um instrutor ou um psicólogo. Nessa fase é comum que os profissionais acompanhem o aluno desde a garagem de suas casas até os percursos cotidianos, para que eles se sintam mais confiantes na hora em que estiverem sozinhos nos carros.

A FALTA DE PACIÊNCIA PODE PREJUDICAR A PERDA DO MEDO (FOTO: REPRODUÇÃO)
A FALTA DE PACIÊNCIA PODE PREJUDICAR A PERDA DO MEDO (FOTO: REPRODUÇÃO)

O processo pode variar bastante, já que tudo depende da evolução no tratamento de cada cliente. Contudo, no geral, costuma durar cerca de seis meses. “Sugerimos que seja feita uma aula prática por semana e que a pessoa participe das conversas com o grupo de apoio a cada 15 dias”, conta a proprietária.

“Tudo o que faz com que a pessoa se sinta limitada ou incapaz é motivo para que se procure ajuda. E quando se consegue atingir o objetivo e estar sozinho ao volante, é uma vitória e uma alegria muito grande”, resume Eloísa.

Mulheres no trânsito

De acordo com a mesma pesquisa da Abramet, as mulheres correspondem a 80% do total de pessoas que têm medo de dirigir. Este é um cenário visto também por Eloísa. A maioria das pessoas que procura pela clínica Cecília Bellina é do sexo feminino.

“Acho que tem mais a ver com a preocupação da mulher em não querer errar, em querer fazer as coisas mais bem feitas. Além disso, o trânsito ainda é visto como algo muitas vezes agressivo e violento, e essa visão acaba afetando mais as mulheres e as deixando, no geral, mais inseguras”, comenta a psicóloga.

Além disso, muitos homens se esquivam de procurar ajuda para tratar seus medos na hora de dirigir por uma questão cultural. “Socialmente para o homem é mais complicado não dirigir ou admitir que tem uma dificuldade no volante”, relata.

Mas a especialista reconhece que, nos últimos anos, esse receio masculino parece estar sendo contornado. Segundo ela, muitos homens se sentem à vontade para buscam tratamento para superar receios e dirigirem sozinhos.

Fonte original do texto – Revista Auto Esportehttps://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2018/09/por-que-algumas-pessoas-tem-medo-de-dirigir.html

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