Revista Auto Esporte – Lista não leva em conta fatores importantes para a precificação dos seminovos. Mas atenção: esses itens podem também desvalorizar seu bem.
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A grande dúvida ao vender o carro usado é: por quanto vender? De certa forma, as plataformas virtuais amenizaram o problema em um primeiro momento, mas voltaram a provocar disparidade de valores justamente por facilitar a busca dos interessados.
Um ponto de partida óbvio é apelar para a tabela FIPE. No entanto, essa referência deixa de lado muitos fatores importantes para precificar o SEU carro. A razão é simples: os valores listados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas reflete os preços médios no mercado nacional. E não se trata de uma tabela oficial.
Porém, como a própria descrição oficial no site da FIPE define, “os preços efetivamente praticados variam em função da região, conservação, cor, acessórios ou qualquer outro fator que possa influenciar as condições de oferta e por um veículo específico”.
“A tabela não considera quilometragem, estado de conservação do carro e a instalação de acessórios”, diz Antônio Avellar, co-fundador da Volanty, uma plataforma online de compra e venda de veículos seminovos.
Na prática, o valor da tabela FIPE para dois carros iguais é o mesmo, mas se um deles tem algo de errado, como problemas estéticos ou mecânicos, dificilmente um comprador optaria pela opção em pior estado.
Ou seja, ele não vai pagar a mesma coisa que pagaria pelo mesmo carro que não apresenta nenhum risco.
Então, o primeiro passo é analisar como está o mercado para o modelo que você quer colocar à venda. Pesquise o seu carro em sites de classificados, procure por aqueles que tenham características parecidas, como modelo, versão, ano, cor, região e quilometragem. Estes são alguns dos critérios que devem ser levados em consideração na hora de precificar.
Existem quatro coisas que são fundamentais, de acordo com Henrique Cavalhieri, gerente de varejo da DEKRA Brasil: Estado de conservação, região, cor e histórico do veículo. Mas por quê?
Estado de conservação
Claro que o que mais chama a atenção do comprador é a estética do carro. “A maioria das pessoas que procuram um carro usado gostaria que ele tivesse cara de carro novo”, afirma Antônio Avellar.
Mas não é bem assim: o carro usado foi usado. E marcas de uso, ainda que mínimas, são inevitáveis. Nesse sentido, uma alternativa a considerar é fazer o reparo antes de vender. A gente fala sobre martelinho de ouro aqui.
Só que nem sempre vale a pena fazer esses reparos, pois o veículo pode não valorizar na mesma proporção dos gastos com o conserto.
Carro desvaloriza até 24% só de tirar da concessionária
É o que aponta um estudo realizado pela InstaCarro, uma plataforma online de venda de veículos. Portanto é essencial que a aparência seja a melhor possível, esteja bem conservado, sem arranhões, amassados ou problemas com a pintura.
Estética
O carro pertencia a fumante? Tem marcas de queimaduras nos bancos? O mais importante é eliminar o odor, mas se houver outras marcas de fumo no carro e afetar sua estrutura, a desvalorização é certa. “Se tiver algum sinal no interior do carro, um furo no banco, por exemplo, por causa de cigarro ou alguma ação oxidante, como um amarelado por causa de fumaça”, conta Sérgio Guidi, gerente de operações da InstaCarro.
Como valorizar a estética do carro? “Preservar a pintura, fazer polimento a cada seis meses para protegê-la, higienizar o carro e tomar outros cuidados básicos”, aconselha Sérgio Guidi.
Mas não é só a estética que define um bom estado de conservação. O motor (ou outras peças mecânicas) podem não ser evidentes para uma grande parcela de compradores que não têm conhecimento mecânico. Porém, as pesquisas indicam desvalorização média de 9% quando há problemas.
Região
Alguns veículos têm maior aceitação em determinadas regiões. “No Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso picapes de cabine dupla têm um valor de venda muito alto, porque são muito queridas pela população desses estados”, exemplifica Henrique Cavalhieri. Portanto é importante verificar como é a procura pelo modelo do seu carro por cidade ou estado.
Sabendo disso, você terá maior probabilidade de obter mais retorno sobre o preço do usado nessas regiões que privilegiam determinado produto.
O fato de um veículo ser do litoral, não necessariamente afetará seu preço. O principal indicador, segundo os especialistas, está no quanto a maresia afetou sua estrutura e aparência.
“Eu não posso desvalorizar pela maresia, mas há desvalorização se a pintura está afetada por isso ou se houver, embaixo do carro, alguma parte que está com risco de corrosão em função de um possível ambiente agressivo”, afirma Sérgio Guidi.
Há lojas que tendem a desvalorizar o carro segundo a placa. Ou seja, veículos cuja a licença tenha letras destinadas a uma determinada região pode influenciar o valor de forma negativa.
Cor
Este é um fator que pesa na hora de vender um carro. Henrique conta que “as cores preto, branco, prata e cinza representam quase 80% das vendas de carro zero km no Brasil”. Ou seja, outras cores podem ter uma aceitação menor e, consequentemente, desvalorização e menores chances de venda.
E o gosto pela cor também varia de região e modelo do veículo. “Têm algumas regiões do Brasil que preferem cores mais claras ou vivas e outras regiões preferem cores mais escuras ou sóbrias”, esclarece o gerente de varejo da DEKRA Brasil.
Segmentos considerados mais tradicionais, como o de sedãs médios ou SUVs, são ainda mais sensíveis. Por exemplo, vender um Corolla verde pode ter maior tempo de exposição no ponto de venda do que um veículo igual na cor prata ou preta.
Histórico do veículo
Esse fator considera alguma colisão, o que afeta a estrutura do carro, e quilometragem percorrida. Se a integridade do veículo estiver afetada, ele pode ser desvalorizado em até 8%. Além disso, a cada 10.000 km rodados, você perde 0,5% do valor.
O histórico também leva em consideração se o carro foi leiloado, sofreu algum roubo ou furto e se envolveu em algum sinistro. Neste caso, as perdas são de 9,2% para aqueles que vieram de leilão, 3,5% para os que já foram roubados/furtados e 6,9% se passou por sinistro.
Bônus
A marca do carro também acaba se tornando um fator de precificação. De acordo com o estudo da InstaCarro, as cinco marcas que vendem mais rápido são Honda, Hyundai, Toyota, Chevrolet e Ford. Nesta condição devem ser considerados também custo de manutenção e disponibilidade de peças para reposição.
Segundo Heblon Barbosa, gerente de Data Science da InstaCarros, veículos de algumas marcas não são fáceis de vender: “Peugeot e JAC possuem um mercado mais difícil, é mais difícil achar comprador para esses carros. Por isso acabam sendo desvalorizados”.
Portanto, o ideal é pesquisar o valor de mercado e colocar na ponta do lápis os fatores que desvalorizam o seu carro para, enfim, definir o preço do seu usado.
A lista abaixo mostra os dados obtidos no estudo completo realizado pela InstaCarro (dados de janeiro/2017 a dezembro/2017):
Que características colaboram para que o carro seja vendido mais rápido?
- Marca
- Quilometragem
- Idade
- Integridade da estrutura e do motor
- Custo de manutenção e peças de reposição
Quais marcas vendem mais rápido?
- Honda
- Hyundai
- Toyota
- Chevrolet
- Ford
Desvalorização do carro por ano
Ano do modelo/ Desvalorização (%)
- 2018: -24%
- 2017: -28%
- 2016: -31%
- 2015: -41%
- 2014: -51%
- 2013: -60%
- 2012: -69%
- 2011: -76%
Desvalorização do carro por tipo de problema
Tipo de problema/Desvalorização (%)
- Cada 10.000 km: -0,5%
- Motor: -9%
- Estrutura: -8%
Desvalorização do carro pelo histórico
Acontecimento/Desvalorização (%)
- Leilão: -9,2%
- Roubo/Furto: -3,5%
- Sinistro: -6,9%
Probabilidade de desenvolver um problema de motor de acordo com a idade do carro
Idade (anos)/ Probabilidade (%)
- 1: 15%
- 2: 20%
- 3: 25%
- 4: 30%
- 5: 35%
- 6: 40%
- 7: 45%
- 8: 50%
Fonte original do texto: Revista Auto Esporte – https://revistaautoesporte.globo.com/Servico/noticia/2018/09/como-vender-um-carro-usado-por-valor-acima-da-tabela-fipe.html
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