Dos primeiros Volkswagen Fusca aos carros híbridos de luxo. Apesar de todo o avanço tecnológico dos automóveis desde as primeiras décadas da indústria automobilística, um item que segue sendo essencial para o funcionamento dos motores a combustão é o óleo lubrificante.

Responsável pela proteção dos componentes internos do motor, reduzindo o atrito entre as peças e consequentemente o desgaste, o óleo exige a atenção do motorista em relação às especificações e aos prazos de troca, que podem se alterar por fatores como o perfil de rodagem do automóvel e até o tempo de uso do lubrificante.

Seja antes de vender o seu carro ou comprar um automóvel novo, confira a seguir algumas respostas para dúvidas frequentes a respeito de troca de óleo e dos tipos de óleo lubrificante existentes atualmente no mercado.

Quais são os tipos de óleo?

Mecânico verificando o nível do óleo de um automóvel analisando a palheta de medição.

Nem todo lubrificante para motores é igual. Além de características como a viscosidade, eles variam também de acordo com o processo de produção. Os óleos para motores atualmente vendidos no Brasil são divididos nas seguintes categorias: minerais (obtidos através da destilação do petróleo), sintéticos (produtos de reações químicas que transformam refinados de petróleo convencionais em lubrificantes) e semissintéticos (resultado da mistura entre óleo sintéticos e minerais).

De acordo com a fabricante de lubrificantes Texaco, os óleos sintéticos têm uma resistência maior ao envelhecimento, geram menos borra e preservam as suas características mesmo em situações severas de uso, tornando-os fundamentais para os motores atuais de alto desempenho.

Os óleos minerais têm como vantagem o custo mais baixo e o fato de atenderem às especificações de carros mais antigos. Mas perdem as suas propriedades mais rapidamente. Os semissintéticos são um meio termo: tem custo mais baixo que os sintéticos puros, mas com qualidades superiores aos “100%” minerais.

Devo sempre seguir as recomendações do fabricante?

Diferente do que se acredita, só a troca de um lubrificante mineral por um sintético não é capaz de alterar os prazos para a substituição do óleo do veículo, que devem seguir sempre os limites determinados pela montadora para cada modelo e motorização.

Ou seja: o proprietário pode até colocar um óleo melhor do que o escolhido pelo fabricante e irá se beneficiar disso com um motor mais protegido e com funcionamento mais suave. Mas não é recomendado alongar os prazos de troca. Consulte o manual do proprietário ou de manutenção para saber exatamente o que o seu carro precisa. 

Vamos tomar o exemplo do Renault Kwid, modelo que atualmente que é o mais acessível do mercado brasileiro e está equipado com um motor 1.0 flex de três cilindros e até 70 cv. A fabricante destaca que o prazo para troca de óleo é de 10.000 km ou 1 ano, o que ocorrer primeiro. O propulsor leva 2,9 litros de óleo semissintético de viscosidade 10w40 e classificação API SL. E a troca deve ser feita sempre em conjunto com o filtro.

Essas recomendações devem ser seguidas mesmo nos carros com alta quilometragem. O uso de lubrificantes mais viscosos em motores “cansados” só serve para camuflar os problemas e reduzir a quantidade de óleo queimado saindo junto com os gases de escapamento.

E as misturas caseiras?

Mas não basta apenas seguir as recomendações técnicas dos fabricantes. Mesmo que a viscosidade e a classificação API sejam as mesmas, não se deve recorrer a misturas caseiras de lubrificantes sintéticos e com base mineral.

A explicação é que esse coquetel resulta em um produto com qualidades lubrificantes inferiores, o que prejudica a proteção dos componentes internos do motor. Pelo mesmo motivo os fabricantes de lubrificantes não recomendam o uso de aditivos adicionais no óleo, já que isso também ajuda a desbalancear a fórmula original do produto.

Devo trocar o óleo quando?

Os fabricantes de automóveis geralmente estabelecem uma rotina de manutenção mais rígida para os veículos que passam pelo o que é definido como uso severo, classificação que é dada a veículos que trafegam em sua maioria do tempo em trânsito lento e rodando menos de 10 km por dia, além daqueles que são empregados constantemente com carga máxima ou em áreas com muita poeira. 

Isso afeta diretamente os prazos de troca do óleo do motor. A Volkswagen, por exemplo, determina no manual do Gol a troca de óleo a cada 5.000 km ou seis meses em caso de uso severo. Metade do tempo e da quilometragem recomendada para o uso normal. Isso acontece por conta da contaminação com os resíduos internos do motor, que também acontece com o tempo de uso do lubrificante. 

O óleo começa a perder as suas qualidades lubrificantes e, no limite, isso resulta na transformação do lubrificante em uma espécie de graxa, que provoca o entupimento dos dutos internos do motor e afeta o funcionamento do conjunto, podendo provocar até o travamento por falta de lubrificação.

Baixar óleo é normal?

É normal que exista um consumo de óleo lubrificante do motor entre as trocas, por conta das características de funcionamento dos motores a combustão. Esse consumo varia de acordo com o modelo e motorização do veículo e também deve ser checado na documentação técnica dos veículos. No caso do Renault Kwid e do Volkswagen Gol, os fabricantes consideram normal um consumo de até 0,5 litro por 1.000 km. 

Nos carros que não estão equipados com medidores de nível de óleo no painel, a medição deve ser feita com o motor quente, alguns minutos após o desligamento do motor e com o veículo estacionado em um local plano. A vareta de medição deve ser retirada, limpa com um pano limpo e reintroduzida no tubo-guia. Ao retirar novamente a vareta, o nível do óleo deve estar entre as marcas mínima e máxima da escala.

Trocar o óleo por sucção ou por drenagem?

Atualmente, são empregadas duas técnicas para a troca de óleo do motor. A tradicional, em que o parafuso do bujão do cárter é solto para que o óleo velho escorra e também a por sucção, onde o lubrificante é sugado por uma máquina a partir do tubo-guia da vareta de medição.

No caso deste último, além da rapidez, a vantagem é dispensar a necessidade de retirada do parafuso do bujão ou até mesmo do protetor de cárter, que em alguns casos impede o acesso ao bujão do cárter. Por outro lado, é necessário conhecimento do operador para garantir que todo o lubrificante velho seja retirado, evitando a contaminação do óleo novo.