Notícia por Revista Auto Esporte – Surto global do coronavírus fez diversas fábricas pararem na Ásia, contribuindo para o aumento do dólar e para a nova crise do petróleo. O Brasil sente os reflexos e fábricas também podem parar.
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O cenário para quem pensa em comprar um carro novo no Brasil é preocupante. A disparada do dólar nas últimas semanas, que bateu R$ 4,79 nesta segunda-feira (9), a queda nos preços do petróleo e o surto mundial do coronavírus estão perto de fazer o custo do carro produzido aumentar consequentemente seu preço final. Quanto? Em média, R$ 2.600. Quando? Já no próximo mês.
Três fatores estão interligados para esse provável aumento de preço no país: dólar, coronavírus e a queda nos preços do petróleo. O vírus COVID-19 fez diversas fábricas no Japão, na Coreia do Sul e na China, principalmente, pararem completamente as suas produções.
Essa estagnação no setor industrial, não só na esfera automotiva, causado pelo coronavírus, é um dos grandes responsáveis pela alta diária do dólar, impactando diretamente na economia global de forma negativa. Sendo assim, veículos e autopeças estão sendo exportados para o Brasil e para o mundo em escala reduzida.
Coronavírus e o dólar
Os três países citados representaram 29% das importações de autopeças do Brasil no ano passado. Sendo que a China – nosso maior importador – representou 13% do total dos 13,2 bilhões de dólares em peças importadas ao mercado brasileiro. Japão e Coreia, representam 9% e 7%, respectivamente, do valor total.
De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), esses valores de 2019 foram baseados na média do dólar a R$ 4 do ano passado. Em reais, os 13,2 bilhões de dólares representaram R$ 52,8 bilhões.
Esse aumento, se for mantido nessa média de R$ 0,60 superior ao de 2019, será revertido, no mínimo, em um aumento médio de R$ 2.600 no preço da produção de custo dos carros novos, já nos próximos meses. O aumento no preço final também ficará nessa média de R$ 2.600 pois a diferença não pode ser muito grande em relação aos preços atuais até o mercado normalizar. Porém, o preço será de acordo com cada montadora. A informação é do Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Em importações esse número representaria um acréscimo de 8 bilhões de dólares em relação aos valores do ano passado. Detalhe: o número pode aumentar.
O que pode vir a ser bem preocupante, de acordo com a Anfavea, no cenário mais catastrófico – mas cada vez mais possível – é a paralisação de algumas fábricas aqui no Brasil, já no mês de abril. O motivo é este travamento nas importações de automóveis e autopeças.
Se as dimensões do coronavírus também crescerem no Brasil o fechamento de fábricas será inevitável. Já são 25 casos confirmados em todo o país e quase 800 suspeitos de terem sido infectados pelo vírus. No Brasil, 22% do PIB industrial vem do setor automotivo.
“A confiança e a expectativa do consumidor está começando a cair. Está um ambiente não favorável e um aumento no preço médio dos carros novos no Brasil será iminente se o dólar continuar disparando e o coronavírus proliferando. O aumento médio no carro novo deve ser de R$ 2.600, baseado em uma média no dólar a R$ 4,60”, explica Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Moraes diz ainda que não é o momento para preocupação em relação à paralisação das fábricas pelo grande estoque de peças das montadoras. Mas devem ter atenção especial pois há chance disso acontecer realmente.
Se usarmos o preço do carro mais barato do Brasil para ilustrar este cenário, o Fiat Mobi, que atualmente é vendido por R$ 34.990, com o acréscimo de R$ 2.600 no preço final, que pode ser maior, o modelo passará a custar R$ 37.500.
O dólar fechou a última sexta-feira (6) em R$ 4,64, portanto, em três dias a moeda ficou quase R$ 0,20 mais cara. E o motivo da disparada de hoje foi o preço do petróleo.
Crise do petróleo
O cenário que já estava turbulento conseguiu ficar mais caótico nesta manhã. Os preços do barril do petróleo caíram em até 30%, sendo a maior queda na cotação do barril desde 1991 com o fim da Guerra do Golfo. Bolsas do mundo inteiro estão despencando em um efeito dominó.
O pivô desta crise foi fruto de uma decisão da Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do mundo, em retaliação à Rússia.
O país do leste europeu se recusou a participar de um movimento da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para aumentar a produção de petróleo e dar descontos para alguns mercados de até 20%.
A discussão entre países membros da OEPE era o contrário. Diminuir a produção e aumentar os preços devido à desaceleração econômica causada pelo coronavírus. Arábia Saudita e Rússia estão travando a “guerra dos preços do petróleo”.
O tombo generalizado nas bolsas pelo mundo já afetou a Petrobras, que começou o dia com queda de 20% em relação a sexta-feira (6). A consequência disso é uma desvalorização ainda maior do real, que pode terminar o dia vendo o dólar bater os R$ 5,00 e até acelerar esse processo de aumento nos preços dos carros.
Posição das montadoras
Autoesporte entrou em contato com a Fiat, Jeep, Ford, Honda, Volkswagen e Chevrolet. As cinco primeiras disseram que não tem previsão de aumento por enquanto, mas que estão atentas aos movimentos do mercado e da economia.
Até o final desta reportagem, somente a Chevrolet não retornou o contato.
Salão do Automóvel cancelado
O coronavírus fez o Salão de Genebra ser cancelado menos de uma semana após a previsão de abertura dos portões. No Brasil, o Salão do Automóvel de São Paulo também foi cancelado e adiado para 2021.
De acordo com as empresas do setor, a decisão foi tomada junto com a Reed, responsável pela organização do evento, na tarde da última quinta-feira (05). Por enquanto, “tudo está na mesa”, como afirmaram os porta-vozes da Anfavea. Há a possibilidade inclusive que outra cidade no Brasil possa sediar o evento no próximo ano.
Fonte original da notícia: Revista Auto Esporte
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