Notícia por G1 Globo – Especialistas afirmam que agilidade para levar carro danificado em oficina pode aumentar chances de reparo. Custos podem chegar a R$ 20 mil.
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Todos os anos, normalmente no verão, são comuns as cenas de carros boiando por ruas alagadas em grandes cidades.
Muitos motoristas acabam sendo pegos desprevenidos, e se deparam com alagamentos – muitas vezes intransitáveis. Ainda assim, não são raros os casos daqueles que tentam atravessar a água, e acabam presos na enchente.
O G1 reuniu uma série de dicas para evitar transtornos ao enfrentar enchentes. Caso o pior já tenha acontecido, veja como e quando é possível – e quanto pode custar recuperar o veículo.
Metade da roda
Antes de atravessar um alagamento, é importante identificar a altura da água.
Por precaução, a altura máxima não deve superar a metade da roda. Isso porque os maiores danos causados pela água acontecem quando ela entra no motor pelo duto do filtro de ar. Em grande parte dos carros, ele fica posicionado logo atrás da grade, na altura dos faróis.
Por isso, se a água estiver muito próxima desse nível, é bastante provável que ela invada o motor. Além disso, caso um veículo apareça no sentido contrário, podem formar-se marolas, que atingirão a entrada de ar.
Como atravessar um alagamento?
Se for possível atravessar uma área alagada, uma orientação é manter o motor em uma rotação na faixa de 1.500 a 2.000 rotações por minuto. Dessa forma, a saída dos gases pelo escape impedem a entrada e água.
Além disso, é recomendável não trocar de marcha. Se isso não for possível, ao realizar a troca, o motorista deve manter o pedal do acelerador pressionado. Dessa forma, o risco de a água entrar pelo escapamento também é bem menor.
Em carros automáticos, é possível “travar” o câmbio em uma marcha específica – nesse caso, a dica é escolher uma marcha baixa e seguir nesta posição.
E se o carro morreu?
Se, ao atravessar um alagamento, o motor morreu, a principal dica é não tentar dar a partida novamente. Mantenha o carro desligado e chame um guincho.
Caso o motorista queira dar a partida outra vez, o principal risco é o motor sugar a água para dentro.
Quando isso acontece, há o chamado calço hidráulico. Nele, a água entra na câmara de combustão e o pistão exerce grande esforço para vencer a resistência da água, empenando as bielas e travando o motor.
Como saber se a água chegou ao motor?
O primeiro passo é abrir o capô e checar o filtro de ar. Caso ele esteja encharcado, é grande a probabilidade de a água ter atingido pontos críticos do motor.
Por isso, a melhor opção é transportar o veículo de guincho para uma oficina. Lá, o mecânico deverá retirar as velas e, com uma bomba manual, retirar a água que possa ter invadido a área dos cilindros.
Depois de removida a água, é hora de reposicionar as velas e tentar ligar o motor. Se ele pegar, basta trocar o óleo.
Porém, se mesmo após a limpeza o carro não funcionar, o motor travou e precisará de reparos mais severos, como a desmontagem para uma identificação mais precisa dos danos.
Dá pra recuperar?
A agilidade para levar o carro em uma oficina especializada pode ser o segredo para gastar menos, além de ter mais chances de sucesso no reparo.
“Quanto mais tempo demora, menor a chance de recuperação”, disse Tiago Rodrigues, gerente de uma empresa especializada em recuperação de veículos após enchentes.
“Tem que fazer a averiguação de todos os módulos, parte mecânica, estofamentos. A desmontagem das partes que não podem ter contato com a água deve ser imediata”, completa.
Rodrigues afirma que é possível recuperar veículos que tenham ficado totalmente submersos. Nesse caso, o trabalho pode levar até um mês, e custar mais de R$ 20 mil – considerando veículos que custam R$ 50 mil.
Para carros populares, o orçamento pode alcançar R$ 15 mil – superando, em alguns casos, o próprio valor do modelo.
“Normalmente, quem contrata esse tipo de serviço é porque não tem seguro, ou não possui cobertura para isso”, disse. Isso porque, como o custo é elevado, o veículo pode sofrer perda total.
Deu perda total?
Um carro sofre perda total quando os custos dos reparos superam cerca de 70% do valor do veículo. Nesses casos, o proprietário do veículo recebe a indenização da mesma forma que em outros sinistros.
Normalmente, quando um carro passa por uma enchente, pode haver problemas mecânicos, hidráulicos e elétricos, além dos estofamentos.
No entanto, o motorista só será indenizado após minuciosa avaliação da seguradora, que deve comprovar que não houve uma agravamento de risco desnecessário, como atravessar uma rua alagada por sua conta em risco.
E os estofamentos?
Caso um carro atravesse uma enchente, e teve o interior comprometido, é importante realizar uma limpeza completa. A complexidade do serviço vai depender do nível de danos que o veículo sofreu.
No caso dos estofamentos, a higienização é importante porque, além de eliminar o mau cheiro e a sujeira, ainda acaba com fungos e bactérias.
Para isso, os forros de portas, painéis e bancos devem ser desmontados. Em casos extremos, é preciso trocar todo o estofamento.
Quanto custa recuperar?
Essa pergunta é a mais difícil de ser respondida. Isso porque os custos variam de acordo com o nível de danos.
“Se apenas o carpete foi atingido, uma limpeza pode sair por R$ 600, e levar até 3 dias”, disse Caroline Brzozowy, dona de uma empresa de recuperação de estofados.
Esse preço vale para carros populares. Ao considerar modelos mais caros, e importados, os valores podem ser até 40% maiores.
Agora, se os bancos também estão danificados, o trabalho será bem maior – levar até um mês. Isso porque é preciso desmontar a estrutura dos assentos, fazer a higienização e esperar a espuma secar.
O preço também acaba sendo mais alto – até R$ 1.300, para modelos de entrada.
Brzozowy também afirma que, mesmo veículos que ficaram totalmente submersos, podem ser recuperados. Só que alerta para outros fatores. “O carro tem que ser levado o mais rápido possível para a oficina. Caso contrário, fica mais difícil tirar manchas e marcas de bolor”, completa.
Fonte original do texto: G1 Globo
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