Texto por Revista Auto Esporte – Gasolina misturada com solventes, “álcool molhado”, motor beberrão e gastos muito maiores que o esperado. Veja os tipos de adulteração e como evitá-las.
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A fraude dos combustíveis ainda é um crime bastante comum no Brasil. Entre janeiro e abril deste ano, o Ipem (Instituto de pesos e medidas) flagrou — só no Estado de São Paulo — um total de 2.595 postos comercializando combustível adulterado.
Foram analisadas 37.377 bombas de abastecimento, com 2.560 reprovações. Para entender os perigos da utilização do combustível adulterado, como reconhecê-los e quais medidas tomar, conversamos com dois especialistas no assunto.
O combustível adulterado reúne componentes químicos, tal como a gasolina comum. Porém, uma das diferenciações é a quantidade de álcool na mistura. Segundo o engenheiro mecânico Rubens Venosa, da oficina Motor Max, existe gasolina formulada e adulterada.
A formulada é a que possui álcool anidro (que significa ‘sem água’) em até 27% da gasolina. Esse álcool tem uma função antidetonante, ou seja, “ evita que o motor bata os pinos e faz com que a combustão seja completa. Esse processo é feito na distribuidora”, explica.
Na adulterada, o álcool hidratado é misturado à gasolina comum, que já possui etanol anidro na formulação. Essa é a adulteração mais utilizada pelos fraudadores.
Os sintomas mais observados neste caso são: motor mais fraco; alto consumo de combustível; e, o mais comum, falhas ao dar a partida de manhã, quando o motor demora um longo tempo para esquentar. Qualquer som anormal é sinal de alerta.
Riscos da corrosão por solvente
O segundo tipo de fraude mais usual é a adição de solventes. Como são resíduos caros para o descarte, muitas vezes são utilizados na mistura com a gasolina. Com poder de explosão e combustão muito alto, os solventes químicos enganam porque o motorista não percebe nenhuma diferença no rendimento do motor.
Porém, com o tempo, o solvente derrete todos os componentes do sistema de injeção de combustível, em especial os que são vedados por borrachas. Com a corrosão, pode até vazar gasolina e os resíduos de borracha podem entupir os bicos injetores.
Venosa reitera que, nesse caso, o prejuízo maior é para os donos de carros importados, pois o custo de novos bicos injetores é muito alto, de R$ 2 mil a R$ 3 mil, enquanto as mesmas peças em modelos nacionais custam por volta de R$ 500.
Cesar Samos, especialista em manutenção automotiva, lembra que os carros mais afetados são os que rodam somente com gasolina, já que recebem uma dose bem maior de álcool do que o limite. Além disso, é preciso ficar atento na troca de peças afetadas, uma vez que algumas seguradoras não cobrem o serviço se o motivo for combustível falso.
Etanol também pode ser “batizado”
A adulteração do etanol também ocorre. Na maioria dos casos, em vez de vender o álcool hidratado, troca-se por metanol. “Na verdade o metanol é um álcool tão bom quanto o etanol, talvez até melhor em eficiência. Mas é extremamente perigoso e tóxico. Se pegar fogo, a pessoa não vê”, alerta Venosa.
Além disso, motores com taxa de compressão elevada são mais suscetíveis a derreter o pistão e até dar perda total.
Outro caso de adulteração na venda de etanol é a inserção de água em uma quantidade maior do que a permitida, de 6 a 7% da composição. O álcool anidro também pode ser misturado ao álcool hidratado, o famoso “álcool molhado”. Para evitar esta fraude, o anidro recebe o corante laranja, enquanto o álcool hidratado é incolor.
Foi enganado? Procure uma oficina
A primeira medida a tomar quando algo está errado é visitar uma oficina, avisa Samos. “Às vezes, o carro tem um defeito real, porém o motorista acaba achando que o problema é no combustível e apenas troca de posto, mas o dano não é causado pelo abastecimento”. Ele também explica que a oficina deve somente reparar o veículo, e não atestar se o combustível é adulterado ou não.
Não existe combustível em promoção
Para Venosa, a recomendação é sempre abastecer no mesmo posto de confiança, e de uma bandeira conhecida. Outra dica é evitar abastecer em lugares onde o combustível é vendido muito abaixo do preço do mercado: as chances de ser adulterado são de quase 100%.
Imagens: Auto Esporte
Fonte original do texto: Revista Auto Esporte
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