Texto por Revista Exame – Há alguns anos, esse tipo de motorização tinha a preferência do consumidor principalmente por conta dos preços mais acessíveis.
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Quem nunca ouviu a clássica história de que carros 1.0 não subiam a serra? A narrativa perdeu força com a evolução desses modelos, que foram protagonistas por décadas no Brasil, principalmente devido aos preços mais acessíveis. Porém, a consolidação do mercado brasileiro fez com que os automóveis 1.0 perdessem de vez o posto de mais vendidos do país.
O balanço nacional de vendas mostra o avanço de veículos com motorização mais elevada. No acumulado de janeiro a julho deste ano, a comercialização de carros 1.0 alcançou 481 mil unidades, o equivalente a 38% do total emplacado no país. O ranking do segmento tem como principais destaques o Ônix (GM), Ka (Ford), Gol (Volkswagen) e Kwid (Renault). Já os modelos acima dessa motorização responderam por 62% dos emplacamentos, totalizando 780,4 mil veículos vendidos.
Desde meados de 2011, auge do mercado automotivo brasileiro, o quadro de vendas de veículos vem mudando. Com renda e crédito em alta, o brasileiro saiu às compras e resolveu investir em modelos mais fortes.
O governo também teve sua contribuição nessa virada: no período, o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis produzidos localmente sofreu uma redução importante, o que barateou modelos de todos os tipos.
De lá para cá, o país enfrentou uma forte recessão, com queda brutal dos níveis de vendas. Quem tinha mais renda continuou trocando de carro, mas aí a preferência se concentrou entre os “mais potentes”.
Hoje, com a retomada recente e gradual da economia, os carros 1.0 já não são preferência nacional, apesar das vendas ainda expressivas. Mas isso não significa que estes modelos são “fracos”. Ao longo dos últimos anos, houve uma enorme evolução das tecnologias automotivas, com inúmeros ajustes que permitiram uma melhora significativa do desempenho destes veículos.
A adição de turbo ao motor 1.0 também tem sido utilizada para conferir mais força e reduzir o consumo sem perda de eficiência. A expectativa é que modelos 1.0 turbinados ganhem espaço no mercado brasileiro nos próximos anos. Atualmente, a oferta se restringe basicamente à Volkswagen.
Os europeus têm ido além nesse conceito e estão desenvolvendo modelos com motores ainda menores. A Fiat, por exemplo, lançou recentemente a versão 0.9 do seu campeão de vendas europeu, o Panda – que tem a aparência do nosso Uno-, mostrando que tamanho não é documento.
Mas e o futuro?
Para especialistas ouvidos por EXAME, os carros 1.0 evoluíram muito e têm sua demanda cativa no Brasil. A questão da economia de combustível é inclusive o principal fator de preferência por esse tipo de motorização.
A transformação dos hábitos de consumo das populações também pode reverter esse quadro. O consumidor está mudando paulatinamente a sua visão em relação ao carro, passando a vê-lo como um serviço e não um produto. Aplicativos de transporte individual como Uber e 99 estão ganhando cada vez mais espaço.
Neste cenário, a escolha entre um 1.0 e um 2.0 pode girar em torno de uma única questão: economia de combustível. E nessa seara, os “carros mil” tendem a levar a melhor.
Fonte original do texto: Revista Exame
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