Texto por Revista AutoEsporte Fabricantes projetam os carros para se deformarem em colisões e absorver parte da energia do impacto.

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É comum ouvir pessoas dizendo que os veículos de hoje estão cada vez mais frágeis e estragam mesmo em pequenas batidas. Para acompanhar a crítica, vem aquele chavão: “os carros antigos é que eram bons, não amassavam por nada”.

Qual o erro dessa conclusão? A maior resistência da “lata” não é o que torna um veículo mais seguro ou reforçado. Aliás, não faltam testes comprovando que projetos antigos carecem de segurança, sobretudo da década de 1980 para trás.

ESTRUTURA CONTA COM RANHURAS QUE DETERMINAM O PONTO DE DEFORMAÇÃO EM COLISÕES (FOTO: DIVULGAÇÃO/SMART)

Carros modernos deformam de forma pré-programada. Os fabricantes fazem marcações na estrutura para que o metal seja deformado de forma prevista (inclusive em simulações virtuais). Dessa forma, é possível calcular a quantidade de energia absorvida e transferir a força do impacto para regiões mais reforçadas do monobloco.

“Isso reduz as elevadas desacelerações repentinas no corpo, que é de extremo perigo. Ela acontece quando há uma interrupção súbita de um movimento, mas os órgãos internos mantém a velocidade, causando danos fatais” explica Roberto Bortolussi, engenheiro mecânico e coordenador do curso de Engenharia Mecânica da FEI.

CRASH BOX É UMA PEÇA DE “SACRIFÍCIO”, ABSORVENDO ENERGIA DE IMPACTOS PARA POUPAR A ESTRUTURA DO MONOBLOCO. É DE FÁCIL SUBSTITUIÇÃO (FLECHA PRETA). SETAS VERMELHAS INDICAM AS RANHURAS DE DEFORMAÇÃO  (FOTO: DIVULGAÇÃO/VOLVO)

No passado, peças externas podiam até mesmo compor a estrutura rígida da carroceria, o que, salvo algumas categorias, não acontece atualmente. Era comum, por exemplo, que para-choques fossem afixados em longarinas de chassis. Hoje, os para-choques são parafusados no monobloco ou paineis externos, sem fazer parte da estrutura do carro.

Para-choque, aliás, é de plástico para deformar e voltar à forma original em leves esbarrões – como aqueles que a gente dá dentro da garagem. Outra razão é para reduzir custo de produção e diminuir o peso total do veículo. Porém, a peça não integra as proteções de segurança para o passageiro.

OS CRASH TEST NISSAN AJUDARAM MUITO NA EVOLUÇÃO DE SEGURANÇA (FOTO: LATIN NCAP)

Crash Test

Os testes de impacto promovidos pela indústria automobilística ao longo das décadas mostraram que as antigas carrocerias extremamente rígidas trazia mais danos aos passageiros, pois não eram capaz de dissipar a energia do impacto.

ILUSTRAÇÃO MOSTRA A DISTRIBUIÇÃO DE AÇOS DE RESISTÊNCIAS DISTINTAS, DEPENDENDO DO POSICIONAMENTO DA CARROCERIA. NO CASO, DO NOVO VOLVO S60 (FOTO: DIVULGAÇÃO)

“Comparar o nível de segurança dos veículos atuais com os antigos é absurdo. Atualmente os carros são muito mais resistentes e ajudam a dissipar a energia de uma colisão, reduzindo os efeitos transmitidos para os ocupantes. Antes a energia toda era conduzida para a cabine, levando muito mais perigo aos passageiros”, aponta Bortolussi.

Outra diferença é que os veículos modernos são compostos por vários tipos de aço na estrutura, com resistências distintas, dependendo da região em que são aplicados.

A maioria dos carros atuais contam com uma estrutura conhecida por crash box, que pode ser instalada nas regiões frontal e traseira. Essa peça não fica à mostra, mas localiza-se na parte anterior ao para-choque.

O DUPLO AIRBAG FRONTAL É OBRIGATÓRIO NOS CARROS NOVOS DESDE 2014 (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Em pequenas colisões, pode absorver até 90% da energia de impactos, poupando a estrutura do veículo. Ou seja, a cabine é poupada e o custo de reparo também cai brutalmente. Por esta razão o reparo de carros antigos era praticamente inviável em batidas graves.

Fonte original do texto: Revista AutoEsporte

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