Texto por AutoEsporte Montadoras premium investem pesado em luxo e sustentabilidade, mas a saída para o transporte coletivo do futuro ainda está sem resposta.

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O Salão do Automóvel de Frankfurt deste ano pode não ter sido um show de novidades em relação a lançamentos, mas sem dúvida marcou a rápida transformação do conceito de transporte. Também mostrou que os fabricantes ainda não parecem ter claro como exatamente serão os automóveis do futuro, quem vai querer comprá-los ou quantos vão preferir usá-los como um serviço de locomoção compartilhado.

“Nunca antes na história a mobilidade moveu tanto o nosso trabalho”, disse o presidente do conselho da Audi, Bram Schot, no salão, durante a apresentação à imprensa do e-tron, primeiro modelo totalmente elétrico da marca produzido em série. Mais tarde, numa entrevista a um pequeno grupo de jornalistas de vários países, o presidente mundial da Mercedes-Benz, Ola Källenius, afirmou que ao longo de seus 26 anos de trabalho na indústria jamais testemunhou um período de “tantas incertezas e, ao mesmo tempo, tantas oportunidades”.

A eletrificação dos carros, que por si só já representa uma grande transformação, é unanimidade na indústria e motiva grandes somas de investimentos nas marcas de luxo alemãs. Projetos de elétricos e híbridos inundaram o Salão de Frankfurt. A BMW promete 25 novos elétricos até 2023, a Mercedes prevê que até 2030 metade das suas vendas na Europa serão de carros movidos a eletricidade e a Audi anunciou investimento de 14 bilhões de euros para alcançar um portfólio de 30 diferentes modelos eletrificados até 2025.

O cenário não é, no entanto, claro em relação ao formato do transporte do futuro. Os fabricantes de marcas de luxo parecem os mais decididos a investir em automóveis para uso particular. Por isso, na exposição de Frankfurt, o conceito do que será luxuoso e sofisticado num mundo que busca a sustentabilidade deu o tom das apresentações. Ter um produto fascinante e ao mesmo tempo não agressivo ao meio ambiente parece ser a meta perseguida pelo setor em seus projetos de carros de luxo.

Paralelamente, buscam-se alternativas para os que não poderão se dar ao luxo de ter carro próprio numa fase em que os automóveis serão algo muito mais sofisticado e caro do que os de hoje. Avançam, assim, as apostas em torno do conceito de veículo compartilhado. A indústria parece não saber exatamente o tamanho e altura desse tipo de veículo. Em Frankfurt, foram exibidos projetos de modelos parecidos com vans, conduzidas por robôs, em serviço semelhante aos conhecidos shuttles.

Ninguém, nessa indústria, sabe ainda dizer quando as pessoas se convencerão a deixar o carro em casa para ser transportadas por robôs, tampouco a velocidade em que isso vai acontecer nas distintas partes do planeta. Para quem visita salões internacionais, a impressão que fica é o desalento de perceber o quanto o Brasil parece cada vez mais distante das novidades dessa indústria.

Quando questionados pela imprensa sobre essa perspectiva pessimista, os executivos limitam-se a dizer que a inevitável busca por energias alternativas ao combustível fóssil não será a mesma em todo o mundo. Nem a velocidade dos avanços tecnológicos. Assim, já está infelizmente evidente que, sem regras de política energética rígidas e claras, o Brasil está fadado a ficar no fim dessa fila.

Fonte original do texto: AutoEsporte

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