Mais barato que o câmbio automático, opção também facilita a vida de quem não quer trocar marchas manualmente

A busca por maior conforto no intenso trânsito urbano das cidades, associado a maior disponibilidade de produtos e custo mais acessível tem levado o consumidor à compra de veículos com transmissões que dispensam o pedal de embreagem. E, se há alguns anos a opção era única, hoje existe um variado cardápio a escolha.

O mais barato é o automatizado. Os componentes da embreagem e câmbio são idênticos à transmissão manual, porém ao invés do pedal da embreagem há um sistema auxiliar para desacoplar o motor da transmissão e outro para engatar as marchas, que podem ser eletrohidráulicos ou 100% eletrônicos. Por isso mesmo, não se deve segurar os automatizados no acelerador em subidas, uma prática que vai superaquecer a embreagem e travar a transmissão no neutro.

O tipo de automatizado mais utilizado pelo mercado é o eletrohidráulico FreeChoice produzido pela Magneti Marelli e presente em modelos da Fiat (com o nome de GSR ou Dualogic) e Volkswagen (iMotion). O sistema é gerenciado por uma central eletrônica de transmissão (TCU – Transmition Central Unit) que conversa com a central eletrônica do motor e, dependendo da velocidade e pressão do pedal do acelerador, determina qual marcha utilizar.

Já a transmissão automatizada 100% eletrônica é composta por três motores elétricos de corrente contínua que realizam as operações de acionamento da embreagem, seleção e engate de marchas. A alavanca de câmbio deixa de ter contato mecânico com a caixa da transmissão, e passa a emitir apenas um sinal elétrico para o módulo de controle, que conversa com o módulo do motor e determina qual marcha engatar de acordo com a velocidade do carro e a posição do pedal do acelerador. Entre os veículos que utilizam este tipo de transmissão, produzida pela ZF Sachs, estão os compactos da Renault, Sandero e Logan, batizados de Easy-R.
Como é a manutenção

Segundo o especialista em transmissão automática, Maurício Carreiro, instrutor da TTR Treinamentos, de São Bernardo do Campo (SP), o nível de dificuldade de manutenção dos câmbios robotizados é baixo, quase similar ao de uma transmissão manual, porém por conter elementos eletrônicos demanda um conhecimento adicional do profissional de reparação automotiva, além do investimento em equipamentos específicos.

“Após realizada a troca da embreagem é preciso reiniciar o sistema, e isso só é possível com a utilização de um scanner automotivo”, afirma Carreiro ao lembrar que nem todos os equipamentos existentes no mercado possuem esta função.
Com relação ao custo de manutenção, Carreiro comenta que o valor da troca da embreagem chega a ser até três vezes mais caro do que uma convencional, dependendo do modelo do veículo. “Isso é movimento de mercado, pois não há tantas diferenças entre as duas peças que justifiquem o preço mais alto, porém o custo de mão de obra para a troca será maior pois o profissional precisa investir em capacitação e ferramentas”, diz ao estimar em R$ 1.200 o valor da troca de uma embreagem de câmbio robotizado ante R$ 350 de um carro mecânico convencional.
Defeitos comuns

Entre as falhas mais comuns que podem surgir nos câmbios robotizados eletrohidráulicos, Carreiro lista dois: vazamento de óleo do sistema hidráulico e queima da bomba de pressão do óleo do sistema hidráulico. Em ambos, as marchas param de engatar e o carro fica imobilizado.

“O primeiro é muito difícil de diagnosticar, pois o fluido hidráulico simplesmente desaparece e não se vê vazamentos”, afirma o especialista ao explicar que o vazamento é interno, no pistão de seleção, e vai para dentro da transmissão. “Quando isso acontece, não basta apenas completar o óleo, é preciso utilizar um kit de reparo e trocar as vedações, que custa cerca de R$ 500”, diz.

Já a queima da bomba é consequência da não substituição do fluido hidráulico, que apesar de o fabricante do sistema informar ser para a vida toda do carro, precisa ser substituído de tempos em tempos. “O ideal é verificar a condição do fluido a cada revisão do carro”, alerta Carreiro. “Se o filtro estiver com muita impureza, aconselho a troca”, diz ao comentar que o fluido é higroscópico, e com isso absorve umidade do ar e perde as propriedades.

Carreiro comenta que os discos de embreagem dos câmbios robotizados devem durar em média 100 mil km, porém a grande maioria apresenta desgaste prematuro com metade da quilometragem, por conta da forma de utilização do veículo. “Uma dica é fazer a redução manualmente em subidas ao invés de esperar ao sistema fazer automaticamente, pois isso evita o deslizamento desnecessário do disco da embreagem”, afirma.

FONTE: http://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2017/08/cambio-automatizado-o-que-e-como-funciona-e-quais-os-principais-problemas.html

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