Notícia por Revista Auto Esporte – Vez ou outra um carro rompe com os padrões de design. Pode dar certo e fazer todo mundo correr atrás. Ou, no mínimo, causar muito barulho.
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Quando criança, fascinado pelo Projeto Apollo, eu fazia muitos desenhos do Saturno V. Usava uma régua escolar para traçar as linhas paralelas do foguete, meu recurso para que elas saíssem retas. Acredito que, se alguém me pedisse para desenhar um carro naqueles dias, com minha régua e talentos limitados de desenho, o resultado seria algo parecido com a picape Cybertruck, o utilitário que a Tesla apresentou em novembro. Dessa vez, o design do veículo extrapolou o estilo Elon Musk de fazer as coisas.
A apresentação incluiu marretadas na porta e pesos atirados contra o vidro — que não deveria quebrar, mas quebrou. Entretanto, o que causou mesmo discussão foi o desenho do veículo: todo reto, exatamente como eu teria feito com uma régua quando garoto.
Habituado às polêmicas que causa, o principal dirigente da Tesla já está fazendo as contas de quanto vai faturar com a novidade, além de pensar no que será necessário fazer a fim de dar conta de produzir e atender às encomendas — cerca de 150 mil logo nos primeiros dias depois da apresentação.
Posso me enganar, mas, apesar de todas as críticas ao estilo ficção científica dos anos 1960, não vai demorar muito para que comecem a imitar o design da Cybertruck. No todo ou em partes. Muito se falou da enorme tela multimídia instalada nos modelos da Tesla. Ela cumpre várias funções, é sensível ao toque e tem o tamanho de um tablet grande. Pois o Ford Mach-E, SUV elétrico derivado do Mustang, foi apresentado também em novembro com uma grande tela vertical instalada no console central.
Nada garante, no entanto, que o estilo ousado da picape da Tesla torne-se um marco do design da indústria automobilística. Tecnologia — e Elon Musk é um apaixonado declarado por ela — dá sua grande contribuição. A evolução dos sistemas de iluminação liberou a criatividade aprisionada nos faróis selados para os mais variados formatos.
Mas o principal recurso dos responsáveis pelo visual interno e externo dos carros nas montadoras ainda é a ousadia. Foi essa qualidade que motivou a Chrysler a contratar o designer Virgil Exner no final dos anos 1940. A montadora estava insatisfeita com o visual antiquado e a falta de estilo dos carros projetados por seus engenheiros.
Exner introduziu ousadia e conceitos de aerodinâmica em seus projetos e passou a usar protótipos de argila. Criou o Norseman, um cupê que, entre outras soluções arrojadas, tinha teto flutuante, apoiado apenas na coluna C. A execução foi entregue ao estúdio de design Ghia, na Itália. O protótipo, porém, não chegou a ser exibido no Salão de Nova York de 1957, como planejado: repousa no fundo do Atlântico junto com o transatlântico de luxo Andrea Doria, que naufragou após colisão com outro navio.
Outras ideias que poderiam ser revolucionárias certamente morreram na gaveta dos executivos que decidem. O Cybertruck, ao menos, está aí para causar.
Fonte original do texto: Revista Auto Esporte
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