Texto por Revista Auto Esporte – Queda nas exportações agrava ociosidade e briga das marcas será no mercado interno. Ou seja: é hora do consumidor fazer bons negócios.
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Há bons motivos para o consumidor brasileiro esperar por promoções e descontos nas concessionárias de veículos na virada do ano. A produção da indústria automobilística está hoje muito mais dependente do mercado interno do que nos últimos anos. Isso porque as exportações entraram num ritmo de queda profunda, que dificilmente reverterá o rumo nos primeiros meses de 2020.
A redução das vendas para a Argentina, principal parceiro comercial do Brasil, tem castigado fortemente o setor automotivo nos dois últimos anos. Agravou-se nos meses recentes, fazendo a participação do país vizinho nas exportações de veículos leves cair de 72% para 51%, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). É um percentual ainda elevado. Estima-se que 200 mil veículos deixarão de ser embarcados para a Argentina neste ano em relação à projeção inicial.
O maior problema é que os fabricantes de veículos tinham esperança de compensar as perdas no mercado argentino com contratos novos para outros países da região. Há meses as equipes de vendas das montadoras redobraram esforços em países como Colômbia e Chile, os mesmos que agora interromperam encomendas de bens importados de alto valor por conta de distúrbios políticos.
Sobrou o México. Mas, embora as vendas de carros produzidos no Brasil para aquele país tenham crescido 41% de janeiro a outubro, a participação desse mercado ainda é pequena — representa 15% das exportações brasileiras de automóveis e comerciais leves. Já foi menor. Era de 7% no início da crise argentina.
Dependendo do tipo de setor, quedas em exportações provocam uma consequente redução do ritmo das linhas de produção. Mas na indústria automobilística é diferente. Isso porque existe uma grande capacidade ociosa. E muitas vezes, de acordo com informações de altos dirigentes do setor, o custo de manter essa ociosidade acaba sendo maior do que vender os carros com descontos no mercado externo. Hoje as fábricas brasileiras de veículos utilizam, em média, apenas 57% da capacidade.
É por isso, também, que continua forte a chamada venda direta, que são as compras que grandes frotistas, como locadoras, fazem diretamente nas montadoras. Os fabricantes têm incrementado os descontos e as locadoras aproveitam. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que representa os concessionários, de janeiro a novembro as vendas diretas de carros e comerciais leves absorveram 45,8% do total. Em novembro, a fatia dessa modalidade de vendas absorveu quase a metade — 49,5% do volume de veículos licenciados em todo o país.
A indústria automobilística entrou numa fase de elevada pressão das matrizes por rentabilidade. Como nos países desenvolvidos os investimentos têm se voltado principalmente ao desenvolvimento de modelos elétricos e autônomos, subsidiárias de países como o Brasil se veem forçadas a reduzir custos.
Daí a preocupação com os efeitos da ociosidade, queda nas exportações e um cenário externo turbulento. Em 2020, a briga das marcas será no mercado interno. É a chance de o consumidor pechinchar mais do que nunca.
Fonte original do texto: 4 Rodas
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