Opinião por Revista Auto Esporte – Apesar da taxa de juros baixa, ninguém assume uma dívida se não tiver confiança no futuro, se não se sentir seguro em relação à economia do país.
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Em entrevista à GloboNews e ao portal G1, Pastore comentou sobre uma falsa expectativa de que a aprovação da reforma da Previdência seria capaz de resolver os problemas econômicos do país.
Embora seja um passo importante, a aprovação de mudanças nas regras de aposentadoria não sustenta, sozinha, a retomada do crescimento da atividade econômica. O Brasil tem uma agenda intensa pela frente.
Como outros setores, a indústria automobilística depende desse crescimento sustentável. Um componente importante na sua atividade são as vendas no mercado interno. Mas, segundo Pastore, o consumo das famílias tem poucas chances, hoje, de ser uma força propulsora da economia.
Em 2018, a renda per capita brasileira ficou 9% abaixo do que era antes da crise. O economista calcula que, supondo que venha a crescer numa média de 2% ao ano, a renda per capita levará mais de dez anos para voltar a ser o que era em 2011.
Por outro lado, não podemos esquecer que os juros, no Brasil, estão num patamar baixo em comparação ao que já foram num passado não muito distante. Recentemente, o Comitê de Política Monetária, o Copom, reduziu a taxa básica de juros de 6,5% para 6%. Taxas baixas se refletem no financiamento de veículos. Em princípio, ajudam a estimular as famílias a assumir dívidas para comprar carro novo.
Vale, no entanto, lembrar que ninguém assume uma dívida se não tiver confiança no futuro próximo, se não se sentir seguro em relação à economia do país e, consequentemente, ao seu próprio emprego. Pesa contra esse sentimento o alto nível de desemprego, que atinge mais de 13 milhões de pessoas no país.
Empresários têm dito que para o país engatar um ritmo de crescimento sustentável falta, ainda, a aprovação da reforma tributária. Isso sem contar os investimentos em infraestrutura e estímulos à exportação, dois temas que também perturbam os fabricantes de veículos.
Com elevada capacidade de produção, nesse cenário, a indústria automobilística precisa exportar. Mas falta competitividade a esse setor e o quadro tende a se agravar com o avanço tecnológico dos veículos.
Exceto na Argentina, a participação dos veículos produzidos no Brasil em outros países é pequena — inexistente em boa parte do planeta. No mercado argentino, onde a demanda despencou nos últimos meses por causa da crise, 63,1% dos carros vendidos são produzidos no Brasil, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Em toda a América Latina, a fatia brasileira no mercado de veículos alcança 9,2%. Na África, está em 0,7%. O Brasil praticamente não aparece nos mercados de veículos da Europa e da Ásia.
Números mais recentes mostram como a atividade dessa indústria tem se enfraquecido. De janeiro a julho, o mercado brasileiro ainda mostrou vigor, com aumento de 12,1% no volume de licenciamentos na comparação com igual período de 2018. Mas a produção começa a entrar no nível da estagnação, num efeito da perda de exportação — resultado da brusca queda de demanda argentina.
Nos primeiros sete meses do ano, o volume de veículos exportados recuou 38,4%. Já a produção aumentou 3,6%, sustentada, ainda, pelo mercado interno. No último ano, as montadoras fecharam 3,7 mil postos de trabalho. Essa indústria ainda terá dias sombrios pela frente.
Fonte original da opinião: Revista Auto Esporte
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