Um carro explode em um posto de combustíveis e ele usava GNV. A pergunta do título é importante, visto que casos como este, vez ou outra ocorrem e assustam! Na internet, vídeos nas redes sociais chamam a atenção e muitas pessoas acabam se questionando se é ou não seguro ter um carro com GNV.
Riscos existem em diversas áreas e mesmo os combustíveis mais comuns, como gasolina, etanol ou diesel, também oferecem perigo se não forem manipulados da forma correta ou se algum problema ocorrer com o sistema de alimentação do veículo, por exemplo. No caso do gás, especialistas dizem que uma explosão só ocorre se houver um defeito no kit instalado no veículo ou se o equipamento de abastecimento no posto estiver com pressão fora do padrão.
Como é o GNV?
O GNV (Gás Natural Veicular) é um combustível bastante eficiente em termos econômicos, sendo o impulsionador de muitos veículos no país, especialmente táxis e motoristas particulares ou de serviços de transporte por aplicativo. No estado do Rio de Janeiro, a concentração de carros com o chamado “kit gás” é enorme.
Muito difundido em outros países, especialmente na vizinha Argentina e na Europa, o GNV é o Gás Natural Veicular, que é uma mistura de hidrocarbonetos leves. Em alguns países, ele é chamado de Metano, mas não por acaso. O gás incolor (CH4) mencionado é o principal componente do GNV, cuja concentração mínima é de 87%.
Extraído de rochas porosas no subsolo, este combustível geralmente é obtido junto com o petróleo. A Bolívia é, por exemplo, um grande exportador desse tipo de gás. A forma gasosa conhecida existe em temperatura ambiente e ao ar livre, mas precisa ser pressurizada para armazenamento e uso. Vendido por metro cúbico, o GNV neste caso equivale a 1,22 litro de gasolina.
Como tem uma queima mais lenta que a gasolina, por exemplo, o GNV possui uma mistura ar-gás mais fraca e isso resulta em mais tempo para ignição. Um atraso no sistema de ignição do motor permite dar tempo ao gás para inflamar-se. Alguns kits utilizam injeção de gasolina para acelerar a ignição da mistura.
Em sistemas mais modernos, como o de quinta geração, possuem um gerenciamento eletrônico que permite baixar a pressão do gás do cilindro para que o combustível seja injetado nas câmaras de combustão por meio de bicos injetores semelhantes aos da gasolina/etanol. O módulo lê a razão de injeção dos bicos originais do carro e a converte para injeção de gás.
Como os demais parâmetros para injeção de gasolina e etanol não são alterados, o motor rende normalmente quando funciona com eles. Porém, por conta da queima mais lenta, o uso de GNV reduz a potência do motor. Como exemplo, o Grand Siena Tetrafuel (foto abaixo) tinha até 88 cv no motor 1.4 Fire, enquanto com GNV, a potência cai para 75 cv.
Vantagens
O motivo para que muitos proprietários de veículo troquem etanol, gasolina ou diesel pelo GNV é o custo desse combustível, cujo metro cúbico é mais barato que as demais opções. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, o m3 de GNV tem preço médio de R$ 2,27, enquanto o litro da gasolina custa em média R$ 4,65. O etanol fica em R$3,61. Atualmente o preço do gás natural está atrelado à cotação do mercado internacional.
Mas não é somente isso, existem incentivos fiscais e tributários, dependendo de estado e município, que tornam essa opção mais atraente. No estado do Rio, o IPVA para veículos movidos pelo gás natural veicular tinha alíquota de 1% até 2015, quando houve um aumento para 1,5%, servindo como um incentivo enorme para os motoristas. O estado concentra quase metade da frota brasileira movida por GNV, estimada em cerca de 2 milhões.
A vantagem econômica para quem abastece varia de 52% a 66% dependendo do valor pago pelo m3 de GNV e o consumo médio fica em torno de 13,2 km/m3. Há uns cinco anos atrás, quando o Brasil vivia um período de expansão na oferta de gás, especialmente por conta da importação boliviana, que abastecia até um conjunto de termelétricas em algumas regiões do país, chegou-se a lançar no mercado automotivo versões de modelos abastecidos também por GNV, tais como Fiat Siena Tetrafuel e Chevrolet Astra Multipower, por exemplo. A importadora CN Auto, por exemplo, vendia a van Topic já com o kit gás instalado.
Porém, a crise política na Bolívia reduziu enormemente a oferta de GNV no mercado e regiões onde o combustível acabara de chegar e não era tradicionalmente utilizado, acabaram vendo o gás desaparecer de seus postos, que acabaram deixando o negócio de lado. Para quem roda mais de mil quilômetros por mês, o gás natural veicular é indicado para reduzir os gastos com combustíveis.
Isso acontece por conta do custo de instalação de um kit gás, que varia de R$ 3 mil a R$ 6 mil em oficinas credenciadas. Assim, a única forma de amortizar o investimento é rodando muito, por isso taxistas e motoristas de aplicativos são os que mais usam. Alguns estados buscam ampliar a oferta de GNV, tais como Minas Gerais, onde já existe a proposta de isenção de IPVA para carros com este combustível e até um bônus de R$ 2.000 para quem fizer a conversão.
Segurança
Usado para reduzir as emissões de poluentes na atmosfera, chegando a 70% em comparação com a gasolina, o GNV move qualquer tipo de veículo, incluindo até moto, por incrível que pareça. Mas, para ter acesso ao combustível é necessário a instalação de um kit gás, pois no momento, nenhum fabricante produz carros com o equipamento de fábrica.
Considerado mais seguro que diesel, gasolina ou etanol, segundo entidades do setor, o GNV é de uso seguro, ainda mais em sua forma gasosa, já que em caso de um vazamento, o gás sobe para a atmosfera por ser mais leve e não fica concentrado em um local. Para que seu uso seja feito com segurança, o recomenda-se uma oficina credenciada pelo Inmetro, que certifica desde a instalação até a qualidade do equipamento que irá no veículo.
A instalação do kit gás é recomendada para veículos com motor maior que 1.0 litro. O motivo é a perda de rendimento energético com o uso do GNV, por isso motores maiores para compensar a perda. Também é recomendável a instalação de um kit de quinta geração, pois o de terceira requer habilidade do mecânico para ajustar o motor de forma manual, enquanto o mais moderno utiliza um software para fazer isso.
Para carros com espaço no porta-malas, um cilindro de 16 m3 é bom para ampliar a autonomia e reduzir as paradas para abastecimento. Na Europa, por exemplo, os carros que saem de fábrica para abastecimento com GNV ou GLP, utilizam um cilindro no formato de um estepe, ocupando o lugar deste e liberando o porta-malas. Alguns modelos de carros podem receber os cilindros sob o assoalho do bagageiro.
As oficinas credenciadas também utilizam materiais seguros, sendo que o tanque pressurizado em forma de cilindro é feito em peça única, sem partes soldadas para se unir duas ou mais partes. Além disso, utiliza aços especiais de alta resistência à pressão, tanto que suportam projeteis disparados por armas de fogo de baixo calibre, por exemplo. Todo o sistema de alimentação, injeção e controle é certificado pelo Inmetro, garantindo assim a segurança do equipamento. Os postos também possuem equipamentos de abastecimento com pressão controlada e inspeção regular para manter a segurança.
Mas, de volta à pergunta. O motivo das explosões em grande parte é devido à erro de instalação ou equipamento de má qualidade, feitos por oficinas que não são credenciadas pelo Inmetro. Medidas caseiras como uso de botijão de gás com GLP, até mesmo visto em motos e triciclos, provocam acidentes terríveis devido à instalação.
É proibido por lei o porte de botijão de gás para alimentação do motor. Muitos fazem esse tipo de transformação por conta do custo menor, mas o risco à segurança pessoal e de terceiros é enorme. Diante disso, o melhor é instalar o kit gás credenciado e fazer a vistoria obrigatória regularmente. Tem custos a mais, é claro, mas é melhor do que perder a própria vida e a de outras pessoas.
FONTE: https://www.noticiasautomotivas.com.br/por-que-carros-com-gnv-explodem/
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